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Contos do Boxe Brasileiro 3: João Henrique, o eterno herói

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João Henrique foi um dos boxeadores brasileiros de maior talento. Cearense,de Juazeiro do Norte, ganhou todos os títulos regionais como amador, inclusive a tradicional Forja dos Campeões, em 1962. No ano seguinte, foi prata no Pan-Americano, de São Paulo. Em 1964, ganhou duas lutas na Olimpíada de Tóquio.

Profissional, teve um cartel de 48 vitórias (33 por nocaute), quatro derrotas (todas por título mundial) e um empate. Enfrentou mitos como o argentino Nicolino Locche e o italiano Bruno Arcari. Pendurou as luvas em 1979.

Casado com Dagmar, filha do renomado jornalista Blota Jr., e pai de João Henrique da Silva Filho. João Henrique passou a estudar Educação Física à noite, dividindo o tempo com as aulas que dava na Secretaria Municipal de Esportes.

Fazia o curso em Santo André, mas resolveu mudar para Mogi das Cruzes. Só foi à aula três dias. Na quarta-feira, 11 de março de 1982, João estava no último banco do ônibus, que trazia os estudantes de Mogi para São Paulo.

Por volta das 23 horas, no km 43 da Rodoviária Mogi-Dutra, próximo ao trevo de Arujá, o motorista Carlos Domingos Granjeiro, da Viação Gaivota, perdeu a direção, derrapou, indo chocar-se com um barranco.

João Henrique carregou por mais de duas horas vários colegas machucados, inclusive uma mulher grávida, para fora do ônibus. Depois, passou mal e foi levado ao Hospital Lions Clube de Arujá. Morreu de hemorragia interna.

Os policiais na época não souberam explicar como João conseguiu carregar no colo as pessoas, pois estava com o pulmão perfurado por causa de fraturas nas costelas.

Detalhe: João Henrique fora reprovado na matéria de ''socorros e emergências'' no ano anterior.

O corpo de João Henrique foi sepultado no Cemitério da Vila Mariana.

Um herói.

Veja momentos da luta de João Henrique contra Nicolino Locche, em 11 de outubro de 1969, no lendário ginásio do Luna Park, em Buenos Aires.