Sem apoio e desacreditado, boxe brasileiro está nas mãos dos irmãos Falcão
Baldini
Sexta-feira, eu procurei várias pessoas para comentar a vitória de Yamaguchi Falcão, em Santos, sobre o colombiano Devis “El Felino” Caceres, no segundo assalto.
Para minha surpresa, jornalistas e pessoas que gostam de esporte não sabiam que o medalhista de bronze em Londres-2012 iria lutar. E alguns nem sabiam que ele era profissional, achando que poderia se apresentar na Olimpíada do Rio.
Há 29 anos como jornalista esportivo, nunca vi a “nobre arte” brasileira tão desacreditada pelo público e pela imprensa e tão sem apoio por parte dos patrocinadores.
Não falo de boxe olímpico, que vive um momento diferente, assim como todas as outras modalidades por causa do Rio-2016. Vamos ver como irá sobreviver o “esporte amador” a partir de 2017.
No profissional, o boxe brasileiro está nas costas dos irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão. Ambos apoiados por empresas norte-americanas (Top Rank e Golden Boy Promotions).
Uma tristeza pois temos muita gente com potencial para conseguir destaque internacional e não ser apenas escada para boxeadores pertencentes a empresários poderosos. Todos eles são verdadeiros herois, abnegados, que dão a cara para bater por verdadeiras esmolas. Eles mereciam um tratamento melhor e todo o nosso respeito.
Tantos jovens disputam o torneio Forja de Campeões e outras competições apenas em São Paulo. Não é possível que alguém no País não se interesse em patrocinar ou colocar esses eventos na televisão para aumentar a procura para a prática do boxe. Nas academias o boxe é o esporte mais praticado por homens, mulheres e crianças.
Yamaguchi venceu mais uma e mantém o título latino do Conselho Mundial de Boxe. Esquiva também está muito bem e deverá fazer lutas importantes a partir de setembro.
A torcida para se chegar a um título é toda para eles. E torço demais para que os tantos outros que insistem em lutar profissionalmente boxe no Brasil não percam a esperança.