Conversei uma vez apenas com Luciano do Valle. Rapidamente, em um hotel de Ribeirão Preto, depois de Corinthians 2 x 2 Santos, pelo Campeonato Paulista de 1995.

Não tive chance de dizer a ele o quanto ele foi importante para a minha formação como jornalista esportivo. Aliás, foi por intermédio das transmissões do “Show do Esporte”, aos domingos, ou os demais programas que passavam na TV Bandeirantes, que pude conhecer os principais boxeadores da década de 80.

Verdade! A Luqui, empresa que comprava os direitos de transmissão, sabia muito bem negociar com os principais empresários e trazer as grandes lutas.

E o Luciano “bombava” nos programas durante toda a semana o noticiário, com apresentação do Elia Junior e da minha amiga Elys Marina. Apresentava os pugilistas, contava histórias, mostrava a pesagem, etc. Você chegava para ver a luta sabendo quem estava em cima do ringue. Muitas delas teve cobertura in loco.

Mas isso acabou. Não existe mais. Uma pena. Sábado, luta em Londres Anthony Joshua, o campeão dos pesados da Federação Internacional de Boxe. Outras três lutas são muito boas nas preliminares.

Em Nova York, o duelo entre Keith Thurman e Shawn Porter entusiasma até as lendas Sugar Ray Leonard e Thomas Hearns.

Mas pouca gente sabe disso e ninguém vai ver, apesar dos 11 canais a cabo de esporte que temos no país. Pior: ninguém vai noticiar nos “jornais” das TVs de esporte.

Que falta você faz Luciano do Valle.

Mais uma vez a TV brasileira não vai passar uma luta de Gennady Golovkin, campeão dos médios da Associação Mundial de Boxe. O invicto pugilista do Casaquistão (32 vitórias, 29 nocautes), de 33 anos, vai subir no ringue em Los Angeles, neste sábado, diante do norte-americano Willie Monroe Jr..

Golovkin tem como ídolo Julio Cesar Chavez, o lendário mexicano que só ficou conhecido no Brasil por causa de Luciano do Valle, que faleceu no ano passado. Nas décadas de 80 e 90, Luciano era o chefe de esportes da TV Bandeirantes e passava muito boxe. Por isso o público ficou conhecendo Chavez, Tyson e tantos outros.

Mas com Golovkin não ocorre a mesma coisa. Não temos a chance de vê-lo em ação. E olha que temos um monte de canais a cabo só de esportes. Vamos ter de ir atrás de algum site.

Fica difícil ganhar novos fãs para o boxe no Brasil. Ver Golovkin em ação é garantia de repercussão, mas não temos mais o Show do Esporte. Saudades do Luciano do Valle.